Terra da Gente

Por Thaís Pimenta, Terra da Gente


Existem mais de 600 espécies diferentes de sanguessunga no mundo — Foto: Michelle Colpus/INaturalist

Imagine conviver com um animal que se alimenta do seu sangue? Foi mostrando a rotina com uma sanguessuga que Vitória Uzumaki ficou famosa na internet.

Com quase 3 milhões de curtidas em sua página no Tik Tok com mais de 170 mil seguidores, a digital influencer gravou vídeos mostrando esse convívio inusitado. A sanguessuga recebeu o nome de Drácula.

A influencer explicou em sua página que o animal era alimentado a cada seis meses e a prática levava cerca de 20 minutos.

TikToker viraliza mostrando sanguessuga — Foto: Vitoria Uzumaki/TikTok

“Dá uma certa agonia. A gente sente a beliscada, mas não dói. Ela fica ali uns 15-20 minutos e já fica satisfeita”, contou ela em um de seus vídeos que viralizaram. Pelo perfil não é possível identificar o lugar onde Vitória mora e em um dos últimos vídeos ela dá a entender que a sanguessuga morreu recentemente. Também não há informações de como ela adquiriu o animal.

Alguns internautas criticaram a prática, enquanto outros acharam “bizarro, mas legal”, como comentou um seguidor da influencer.

O educador ambiental, Matheus Mesquita (Biomesquita), conhecido por tirar dúvidas de internautas sobre assuntos incomuns envolvendo animais e a natureza de modo geral, falou com o Terra da Gente sobre o caso.

“Eu tenho recebido várias perguntas sobre esse animal. E a principal dúvida das pessoas é se essa sanguessuga não pode passar doenças para essa jovem. Bom, como é um animal doméstico que não tem contato com outros animais infectados, patógenos e bactérias, ela não corre risco de ser contaminada com alguma doença. Mas se fosse se fosse um animal selvagem, poderia sim transmitir doenças”, afirma ele.

As sanguessugas são parasitas 'temporários' que se alimentam de sangue — Foto: Nick Lambert/INaturalist

Mas Mesquita afirma que a brasileira sem dúvida vai ter o ferimento toda vez que for alimenta-la.

“O único dano que essa menina vai ter de fato é a ferida que ela vai sofrer para que a sanguessuga se alimente do sangue dela. Mas como a sanguessuga possui uma saliva anticoagulante e anestésica, apesar da agonia, não vai causar dor especificamente nela, no máximo um incômodo”, conta.

Vale lembrar que uma sanguessuga pode ingerir até dez vezes o seu volume em sangue. Por conta do peso que atingem depois de comer tanto, elas se desprendem da pessoa ou animal parasitado logo após a refeição. Outra curiosidade é que esse animal cresce bastante dependendo da espécie.

Em um dos vídeos, a influencer afirmou alimentar a "Drácula" a cada seis meses. Mas dependendo do animal, ele pode ficar até um ano sem se alimentar, segundo especialistas.

Espécie de sanguessuga foi flagrada na Austrália — Foto: Hughberry/INaturalist

Sobre as sanguessugas

Das 700 espécies existentes no mundo, estima-se que existam cerca de 140 no Brasil, distribuídas em diferentes habitats, como rios, lagos, pântanos e florestas.

Algumas dessas espécies são endêmicas e só podem ser encontradas no país, enquanto outras ocorrem em diferentes partes do mundo.

“A diversidade de sanguessugas no Brasil é uma evidência da riqueza biológica do país e da importância de se preservar seus habitats naturais. Além disso, as sanguessugas desempenham papéis importantes na ecologia de seus habitats e são importantes fontes de informação para estudos sobre evolução, biologia e ecologia”, destaca o pesquisador.

Corpo do animal é em anéis — Foto: Blagotrav/INaturalist

Características

Como as minhocas, as sanguessugas são animais invertebrados que têm o corpo dividido em anéis. Elas são ectoparasitas, o que significa que vivem fora de seu hospedeiro e se alimentam dele.

Algumas espécies são hermafroditas, ou seja, possuem órgãos reprodutivos masculinos e femininos em um único indivíduo. Outras espécies são dioicas, ou seja, possuem indivíduos separados em machos e fêmeas. A forma de reprodução depende da espécie de sanguessuga em questão.

Sanguessuga do gênero 'Haemadipsa' — Foto: Naturegirlkh/INaturalist

Onde elas vivem?

Sanguessugas vivem em uma ampla variedade de habitats, incluindo água doce, salgada e terrestre. Algumas espécies de sanguessugas vivem em rios, lagos, pântanos e outros corpos de água, enquanto outras espécies vivem em solos úmidos e florestas.

Ainda outras espécies são encontradas em mares e oceanos, vivendo em simbiose com outros organismos como peixes, crustáceos e tartarugas.

As sanguessugas possuem um tipo de ventosa que "gruda" a boca fazendo pressão para sugar o sangue — Foto: Kanyanklein/INaturalist

Como sugam o sangue?

Elas possuem um tipo de ventosa e "gruda" a boca fazendo pressão. A língua possui dentes afiados que cortam a pele pra sugar o sangue.

A mordida de uma sanguessuga pode ser indolor ou causar desconforto leve. Isso depende do tipo de sanguessuga e do local da mordida.

“Além disso, a mordida de uma sanguessuga pode ser menos dolorosa em áreas com menos terminações nervosas, como o braço ou a perna. No entanto, em algumas pessoas, a mordida de uma sanguessuga pode causar irritação, vermelhidão e inchaço no local da mordida. Por essa razão, é importante tomar precauções ao lidar com sanguessugas e buscar atendimento médico caso seja necessário”, destaca.

Estudos avaliam a utilização de sanguessugas na medicina — Foto: David Möhnle/INaturalist

Usadas na medicina

O uso de sanguessugas na medicina remonta à antigas civilizações grega e egípcia, e ainda é praticado em algumas regiões do mundo.

As sanguessugas são usadas na medicina, porque sugam o sangue e liberam substâncias que ajudam a dilatar os vasos sanguíneos, a controlar a coagulação e a estimular a circulação. Além disso, sua saliva contém anestésicos e anticoagulantes que ajudam a aliviar a dor durante o tratamento.

Na medicina moderna, o uso de sanguessugas é limitado, mas elas ainda são utilizadas em algumas terapias complementares, como a hirudoterapia, que é o uso terapêutico de sanguessugas na medicina.

No entanto, é importante destacar que o uso delas é mais comum no exterior e requer cuidado e conhecimento.

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