Sexta Selvagem: Sanguessuga-Tigre

por Piter Kehoma Boll

Nunca tive a oportunidade de visitar Bornéu, mas as pessoas dizem que, quando você anda pela floresta lá, é impossível não encontram o “adorável” camarada de hoje, a chamada sanguessuga-tigre, Haemadipsa picta.

Como você deve saber, muitas sanguessugas se alimentam de sangue, e a sanguessuga-tigre não é exceção. O nome do seu gênero, Haemadipsa, inclusive significa “sede de sangue”. Contudo diferente da maioria das sanguessugas, que são aquáticas, a sanguessuga-tigre e muitas de suas parentes próximas vivem na terra ou, no caso da sanguessuga-tigre, mais frequentemente sobre a vegetação no sudeste da Ásia.

Uma sanguessuga-tigre se preparando para atacar um mamífero que vai passando, provavelmente o humano tirando a foto, que nesse casos seria Kristof Zyskowski.*

Para uma sanguessuga, a sanguessuga-tigre é muito bonita. Seu dorso possui uma série de listras e faixas longitudinais pretas, amarelas e marrons que frequentemente adquirem um tom verde em direção à extremidade anterior. A extremidade posterior possui uma ventosa grande, a qual às vezes possui uma cor verde também, e a sanguessuga-tigre a usa para ficar firmemente presa ao substrato, geralmente a vegetação.

O alimento da sanguessuga-tigre consiste principalmente de sangue dos mamíferos que por acaso atravessam seu caminho. Ela detecta a presa por uma combinação de pistas visuais, mecânicas e químicas, podendo ver as presas com uma série de olhos pequenos, senti-las com mecanorreceptores e cheirar o dióxido de carbono que elas exalam enquanto respiram.

Às vezes a presa tira sarro do predador. Créditos a Ellen Rykers.**

A sanguessuga-tigre “sabe” onde é mais fácil achar um mamífero passando: trilhas dentro da floresta. Assim, elas se aglomeram nas folhas nos ramos de plantas crescendo ao longo desses caminhos. Espécimes menores, mais jovens, preferem ficar mais próximos do solo para evitar gastar muita energia subindo até o alto, enquanto adultos (que chegam a 33 mm de comprimento) esperam pela refeição a uma altura de cerca de 1,5 m, raramente subindo até 2 m. Considerando que os maiores mamíferos não-humanos que passam pela floresta não chegam a mais de 1,7 m, elas não precisam subir mais do que isso.

Uma sanguessuga-tigre sedenta em Taiwan. Foto de Liu JimFood.**

Quando um mamífero suculento está passando pela trilha, as sanguessugas, que estão esperando avidamente com seus corpos esticados para a frente, pulam sobre o corpo do animal, cortam sua pele com as peças bucais afiadas e começam a beber o delicioso sangue. É dito que a mordida da sanguessuga-tigre é muito dolorosa, diferente da da maioria das sanguessugas, e é difícil fazer a ferida parar de sangrar, provavelmente porque ela libera uma quantidade considerável de anticoagulante. Não é uma experiência agradável, imagino.

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Referências:

Gasiorek P, Różycka H (2017) Feeding strategies and competition between terrestrial Haemadipsas leeches (Euhirudinea: Arhynchobdellida) in Danum Valley rainforest (Borneo, Sabah). Folia Parasitologica, 64: 031. https://doi.org/10.14411/fp.2017.031

Kendall A (2012) The effect of rainforest modification on two species of South-East Asian terrestrial leeches, Haemadipsa zeylanica and Haemadipsa picta. Master Thesis.

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*Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons de Atribuição Não Comercial Sem Derivações 4.0 Internacional.

**Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons de Atribuição Não Comercial 4.0 Internacional

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